Projeto da Funai pretende implantar turismo em reservas indígenas

Comunidade de Tenharim recebe turista entre os meses de julho, agosto e setembro – durante o período da vazante do rio Marmelo, afluente do Madeira – para a prática da pesca esportiva

A Funai (Fundação Nacional do Índio) estuda implantar em terras indígenas projeto de turismo ecológico. A ação faz parte do Plano Nacional de Gestão em Terras Indígenas, por meio do qual a fundação avaliou e discutiu com a liderança de cada comunidade a melhor forma de explorar economicamente a região.

Para o sul da Amazonas, a ideia é regulamentar o turismo ecológico, como explicou Valmir Parintitin, coordenador regional do Madeira na cidade de Humaitá. Na região, já existe um projeto que vem sendo usado como piloto pela Funai.

Há cerca de quatro anos, a comunidade de Tenharim recebe turista entre os meses de julho, agosto e setembro – durante o período da vazante do rio Marmelo, afluente do Madeira – para a prática da pesca esportiva. “Esse projeto se iniciou com a própria comunidade, junto com empresas de turismo”, explica Valmir.

Piloto

As agências fecham contratos com a aldeia durante esse período e os pacotes oferecidos aos interessados são de uma semana. Para preservar a integridade da tribo, os visitantes não têm contato com os índios da região. “É gringo de um lado e índio do outro”, conta.

Ainda segundo o coordenador da Funai na região, os contratos firmados variam, de acordo com o que é estabelecido entre a associação dos tenharins e a empresa de turismo, mas podem chegar de R$ 60 mil a R$ 120 e todo o valor é revertido para a comunidade. “Esse dinheiro não passa pela Funai, vai direto para a aldeia, que decide como investir”, diz.

“A Funai acompanha fazendo mais a proteção da terra indígena, olhando se não estão jogando lixo no rio, se não estão fazendo algo além da pesca esportiva. O órgão acompanha de perto para ver se tem esse controle”, ressalta Valmir.

Aprovação

O coordenador explica que a iniciativa é totalmente aprovada pela comunidade. “Tem aldeia que compra carro para transportar as pessoas da comunidade, outras investem na construção de casas de farinha, outras na educação para mandar os índios para a faculdade. Eles pagam a casa para o índio morar na cidade, pagam os cursos”, explica. De acordo com Valmir, “tem muito índio querendo ir para a faculdade”.

O projeto implantado na terra dos tenharins beneficia hoje dez aldeias da mesma etnia e está sob análise do Ibama, que avalia se a pesca na região trouxe danos ambientais. Segundo o coordenador, o relatório do instituto ainda não está pronto, mas “a gente soube de forma não oficial que o resultado foi positivo, sem dano ambiental”. No entanto, o instituto vai levar algumas recomendações para garantir que há reserva se mantenha sem danos.

Com os resultados obtidos até agora, o projeto na região do Madeira vem sendo usado como piloto para implantação e outras comunidades e também deve ganhar status de projeto federal. O coordenador da Funai em Humaitá explica que, se aprovado, deve ser realizada uma licitação e uma única empresa vai organizar o turismo voltado para a pesca esportiva nas terras dos tenharins.

Resultados

Além disso, o sul da Amazonas pode ganhar um hotel de selva na reserva dos Parintintins. Para o turista “ver a mata, rio, andar de canoa” e outras atividades típicas da região. A ideia vem sendo estudada há três anos e nesse período vem sendo feito “o diagnóstico da terra onde se deve implantar o hotel, onde buscar recursos, onde treinar os indígenas que vão atuar no projeto, quem vai cuidar do restaurante”, entre outros, explica Valmir.

Ele lembra ainda que, como no projeto que está em vigor em Tenharim, tudo isso sem que o turista tenha contato com a aldeia, para garantir a preservação do local. Se tudo der certo e o relatório do Ibama for positivo, o turismo nas reservas deve ser implantado até o final deste ano.

Para Valmir, o projeto garante recursos ao grupo. “Tem terras que são só proteção do índio, que vive isolado, mas tem outras etnias que são diferentes, que querem estudar, fazer faculdade, outros querem montar sua empresa”, diz. Segundo ele, o projeto ajuda a profissionalizar o trabalho do índio. Pois, às vezes, a aldeia “tem uma terra mas não sabe como usar para gerar renda para aquela comunidade”.

Mas, segundo o coordenador da Funai, o ganho vai além. “Muitos indígenas locais não têm atividade e correm o risco de se envolverem com grandes madeireiras, fazendo coisa errada, fazendo corte ilegal, mexendo com madeira ilegal”.

“A Funai discutiu isso e avançou e isso vai dar certo”, finaliza esperançoso o coordenador da fundação em Humaitá.

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