Branquidão estacionada

Noite ancorada. Deslindou cada vão dela. Lá embaixo, a rua vazia enchia os seus olhos esvaziados. Lá em cima, as estrelas ilustravam seus desatinos. Sempre gostou de apreciá-las antes de consumir-se no melhor do sono profundo. A branquidão estacionada, o povoou. O infortúnio dos infortúnios querer dormir e não conseguir. Talvez tenha sido por causa das 3 fatias e meia de pizza que comeu durante o jantar. Talvez não. Quem sabe, o tiroteio do filme de ação? Poderia ser. Estímulos dessa natureza – às vezes – atrapalham o sono. Devem atrapalhar sim. Um facho de luz – entrado pela fresta da cortina da sala – tirava a sua paz. Pensava que a paz morava no dormir das crianças ou nas samambaias do lado de fora. Noite intrusa. Tentou esquecer que a noite estava ali; que a noite estava nele; que a noite pesava e não o deixava apagar. Pegou o violão, logo desistiu da ideia. Precisava dar um basta. A noite – para o seu desespero – não se movia, permanecia firme, irritantemente ancorada sem desampará-lo. Concluiu então que a noite tinha planos. Depois disso a mesma sucumbiu aos desejos de um Morfeu imperativo.

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