Raias chegam a nos paulistas

Quando ltaipu, a maior hidroelétrica do mundo, no rio Paraná fronteira com Paraguai, começou e formar seu reservatório de água em 1982, grandes mudanças iriam acontecer com os habitantes dessas águas. Os Saltos de Sete Quedas de Guaíra antes de serem submersos, serviam como barreira, impedindo que as raias comuns no baixo e médio cursos do rio Paraná subissem para seu alto curso. Sem a barreira, esses animais se expandiram, chegando a mais de 350 km norte do ponto inicial do dispersão, alcançando mais tarde os rios Parapanema e Tietê.

A façanha não é nada comparada aos esforços feitos por seus ancestrais ha milhões de anos atrás, saindo do Caribe e iniciando um trajeto pelos rios da Amazônia, se dispersando depois para o Pantanal do Mato Grosso e chegando a bacia do Paraná-Paraguai. Hoje, com a formação do lago, 76 novas espécies incluindo três de raias, chegaram a região da Foz do Iguaçu Pesquisadores estudam quais as mudanças que essas espécies exóticas podem trazer.”Alertamos em 1999 que a expansão deveria continuar por SP entrando pelo rio Tietê”, afirmam o biólogo Domingos Garrone Neto que inicia pós-doutorado sobre estes animais, e o médico Vidal Haddad Jr., especialista em animais aquáticos de interesse médico.

Garrone Neto desenvolve suas pesquisas com Vidal Haddad Jr., dermatologista da Faculdade de Medicina da Unesp, campus de Botucatu, que trabalha com educação ambiental, prevenção, tratamento e pesquisas em torno do veneno das raias. Embora não existam estatísticas na região do Alto Paraná, a percepção é que os acidentes vem crescendo. As raias encontradas na cidade sul-matogrossense de Três Lagoas e no município paulista de Castilho foram a Potamotrygon motoro, que apesar de não serem agressivas, reagem quando pisadas ou manuseadas de maneira inadequada.

Os ferrões destes animais são retroserrilhados e recobertos por um muco rico em células glandulares que possuem toxinas. Em caso de acidente, o professor Haddad Jr. aconselha lavar bem o ferimento com água e sabão, mergulhar o local atingido em água quente não escaldante (em torno de 60Cº), por cerca de uma hora, antes de procurar auxílio médico.

Essas e outras informações de prevenção e primeiros socorros est/ão presentes nos folhetos criados por Haddad Jr.e Garrone Neto, feitas para prevenir acidentes com raias de água doce ou salgada. Com ilustrações interessantes e linguagem simples, eles são ferramenta útil para a promoção de saúde de pescadores e banhistas, com medidas de prevenção e cuidados com acidentes. Mais informações sobre os folhetos e pesquisas realizadas pela dupla e por seus parceiros, podem ser conseguidas através dos pesquisadores: haddadjr@fmb.unesp.br e garronento@yahoo.com

Jornal Martim-Pescador – Orgão Oficial da Federação dos Pescadores do Estado São Paulo

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