Já passavam das 7 horas da manhã, quando li o bilhete: “Opa, opa… terapia não é aconselhamento, são coisas bem diferentes”. De fato, me expressei mal. Foi mal. Não tive a intenção de ofender os psicólogos e os terapeutas do mundo. Quem sou eu? Palavra rasgada não aceita remendo. Ela me mandou dar uma volta mesmo. Vai se cuidar, maluco. Não precisava apelar. Mas sei que o desabafo expressado naquele bilhete – curto e grosso – não fora pra me maltratar. Eu e as minhas idiossincrasias, uma dupla infalível quando não devassadora. A coisa mais linda, ela, naquela mínima camisola rosa e grená. Eu a fitava em seu sono apaziguador. Acho que fiquei séculos ali mirando a sua geografia. Quando abriu os olhos lentamente e notou a minha intrusa presença, sorriu-me o melhor dos sorrisos ao qual retribuí de imediato. Concedeu-me o aconchego da sua cama antes de nos forrarmos daquele amor, o mesmo amor.
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