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O menino estava todo-todo até aquele dia. Vou explicar: é que naquele dia era o dia da festa de aniversário de 10 anos do João, o seu melhor amigo. Todo mundo da classe ia, inclusive a Vitória J., a mais linda da turma.
As festas na casa do João sempre são muito caprichadas. Tem bauruzinho quentinho, coxinha bem recheada, docinhos e um mundão de coisas deliciosas as quais o menino tanto adora.
Todo mundo tava dançando o rebolation, menos o menino. Tinha coisas mais importantes a fazer como, por exemplo, inspecionar a natureza gastrônomica da festa com seus doces, salgados, bolo…
Um bolão, viu!
Enquanto os outros dançavam, o rapazinho beliscava a variedade de guloseimas e beliscava e beliscava. De repente, trevou. Isso mesmo, um breu que só vendo – quer dizer que só não vendo.
Naquela escuridão ninguém enxergava nada, então começou um empurra daqui, outro dali. Até que se escutou um corpo caindo sobre algo macio. Um corpo que perdera o equilíbrio durante o empurra-empurra.
Mais que depressa, a menina mais linda da turma, a Vitória J., acendeu a luz do seu celular e iluminou aquilo. Meu Deus! Quem seria o ser recém emergido da massa branca e fofa de chantili? Mas quem? Ora, ora, o pobre menino inspetor, ele mesmo!
Imediatamente, os flashes começaram a espocar na direção do menino. Ele até parecia um Boneco de Neve. O rosto dele com aquela máscara… Nossa, que vergonha! Que mico!
Depois da queda, dos flashes, das gargalhadas e da crueldade dos colegas, o menino ainda cantou os parabéns. Afinal, o João é o seu melhor amigo.
…
