Para isso, senhores empresários utilizam de um exército que está de prontidão sempre que necessitam. Quando não precisam mais, são dispensados. Quando algum participante desse exército está insatisfeito, não há mistério, ocorre substituição imediata por… outro participante do exército.
Esse exército é a imensa força de trabalho disponível no Brasil. Aliás, no Brasil, na Índia, na Argentina, na África do Sul, no México, etc. Essa vasta gama de trabalhadores, desempregados e informalizados, constitui o motor da geração de renda da elite, detentores dos meios de produção e do capital.
Estão sempre à disposição para serem utilizados para aumentar o lucro. E sempre alertas, pois a qualquer momento sabem que não serão mais úteis, devido à medidas de “contenção de despesas” ou, sejamos mais claros, para que seus digníssimos patrões não tenham reduzidas a suas taxas de lucro e mantenham o seu padrão “sofrível” de vida.
Para manter seu emprego, por mais miserável que seja, esses trabalhadores se sujeitam a condições de trabalho nas quais estão ausentes qualquer preocupação social ou com o direitos humanos.
Muitos recebem seus honorários por horas trabalhadas, de 1,50 a 3,70 por hora, por exemplo, como ocorre em muitas das indústrias calçadistas no Vale dos Sinos (RS). Esses trabalhadores se vêem frente à uma difícil escolha: trabalhar mais e mais horas para receber mais (e viver menos)? Ou seguir seus estudos para poder ter outras opções profissionais, visto que muitos não conseguem manter o ritmo de estudo escolar porque precisam, justamente, conseguir um emprego para se sustentar a si mesmo e sua família?
A maioria opta por trabalhar, trabalhar e trabalhar.
Viver?
Quem sabe no dia em que seus patrões estiverem, enfim, satisfeitos com o lucro gerado por aquelas mãos que moram em habitações precárias, por aquelas mãos que não possuem tempo pra almoçar decentemente, muito menos tempo para a família ou amigos e menos ainda para o lazer.
Apesar de que no pensamento brasileiro prevalece a cultura de que para ser digno a pessoa deve conseguir um”serviço”, um trabalho, um emprego, penso eu que todo trabalho (ou quase todo), na forma como se apresenta hoje, é escravizador.
Você trabalha para viver ou vive para trabalhar?
Seja qual for a resposta, devemos começar a pensar que há alguma coisa errada, não acham?!
Imagem retirada do site da SINDJUF-PA/AP
(Título: Até Quando – Gabriel, o Pensador)