BOLÍVIA, CRISE E DESILUSÃO.

ESN: 16675-080201-838850-87



Sempre que escrevo algo aqui sobre o que julgo serem posições equivocadas de nossos amigos latinos e um posicionamento fraco de nosso governo em face aos abusos e exigências mirabolantes que alguns desses governos fazem em busca de um voto fácil; surgem alguns comentários irados e acusações de autoritarismo, alienismo e coisas do gênero.

É engraçado como as pessoas fecham os olhos para coisas óbvias e idolatram posições estranhas e anacrônicas como se fossem fontes de libertação e de evolução social. Mesmo que essas posições já tenham falhado em inúmeros outros países por onde “andaram” e que apenas sejam usadas como disfarce para que aproveitadores usurpem o povo e enriqueçam.

Vou usar o exemplo da Bolívia porque navegando pela rede achei um artigo muito interessante no REAGENTE sobre um escritor boliviano que se lamentava sobre o destino terrível que se abateu sobre seu amado país.

O que mais chamou a atenção; foi o fato de que o escritor tem apenas doze anos e já é um elemento de destaque em seu país. Sendo inclusive premiado por suas obras. Seu nome é Israel Ipenza Echeverría. Ao manter uma correspondência com a escritora brasileira Maria Helena Sleutjes (residente em Juiz de Fora), o menino escreveu uma carta impressionante e emocionante sobre a situação dramática em que seu país foi mergulhado graças à política errônea e conflituosa preconizada por Evo e bancada por Chávez. O texto, que levou o nome de “RETRATO DE MI BOLIVIA”; pode ser lido no Reagente.

Com autorização da editoria do Reagente, reproduzo alguns trechos da carta que você pode ler na íntegra por lá:

“Silenciei minha voz, me escondi, para submergir-me no calor do mundo das palavras, era meu desejo encontrar uma que me explicasse os enfrentamentos, ameaças, violência e mortes de meu povo (…)”.

“(…) Permaneci absorto e aterrorizado, tudo indica que minha Bolívia maravilhosa a cada momento é empurrada para os braços da destruição (…)”.

“(…) despojado de sentimentos de irmandade e solidariedade, onde se reforçam o ódio e a vingança (…)”.

“(…) Não sei como e quando nos vimos envoltos neste pesadelo em que a justiça é aplicada pelas hordas multitudinárias que professam seus ideais como únicos, válidos e extraordinários (…)”.

“(…) Claro, os bandos se fortalecem porque têm seus espectadores internos e externos que os apóiam, aplaudem e os alentam (…)”.

“(…) mostram como os grupos avançam pela cidade de Santa Cruz, mostrando paus, armas, chicotes e fuzis, há sede de vingança, para matar “índios” (povoação de Santa Cruz), a outra mostra mulheres que rezam pela paz de meu país (…)”.

O jovem escritor, além de talentoso, preocupa-se com o destino de centenas de crianças que trabalham nas minas bolivianas e que são abandonadas pela esperança. Num trecho do artigo do Reagente, ele diz: “Peço desculpas aos meninos e meninas que trabalham nas bocas das minas, do Sumaj Orcko, por ter demorado 2 anos e 7 meses para escrever suas histórias (…)”.

Muito mais do que qualquer coisa que eu possa escrever; as palavras desse garoto mostram a visão do cidadão comum que está longe das decisões políticas e quer apenas viver e ser feliz em um país que lhe conceda oportunidades e proteção para se desenvolver.

O governo de Evo é desastroso para o Bolívia porque deixa de lado problemas que só se curariam com trabalho, desenvolvimento e prosperidade. Substituindo essas soluções pela falácia do “culpado externo”; jogando pobres contra ricos e trabalhadores contra empresários. Esses políticos criam a atmosfera ideal para que possam posar de “salvadores”. (Mais ou menos como a história do bode na sala:)

Alguém reclama que a sala é pequena. Então, um bode fedido é colocado na sala. Todos passam a reclamar do fedor. Então, um “salvador” aparece e retira o bode da sala. Mesmo a sala continuando pequena e apertada; todos ficam calmos, felizes e agradecidos ao “salvador”. Logo, ninguém mais reclama.

Talvez digam que esse garoto de doze anos é um reacionário vendido para os imperialistas capitalistas estadunidenses (adoram esse termo). Talvez digam que ele é falso, um fantoche das oligarquias bolivianas que usam um personagem fictício para expor suas idéias. Talvez achem apenas que ele é só um moleque que tenta aparecer.

Seja lá o que for que achem, vejam alguns dados sobre a Bolívia de Evo neste ano:

– A taxa de inflação aumentou mais de 179% (fonte).

– A taxa de produção industrial caiu mais de 80% (fonte).

– O consumo de energia elétrica caiu mais de 18% (fonte).

– A taxa do PIB (Crescimento Real) teve uma que da mais de 11% (fonte).

– A produção de petróleo caiu 1,02% (fonte).

– O consumo de petróleo caiu mais de 32% (fonte).

Há alguns números positivos. Contudo eles não se traduzem em bem estar para a população. A estagnação econômica e a (já) recessão são uma realidade por lá. A perseguição a jornalistas anda solta (veja aqui) e o desabastecimento de produtos importantes como combustíveis e alimentos é uma realidade. O que é mais engraçado; é como pode faltar petróleo e gás num país que é exportador? E esses dados não foram retirados da imprensa alienista e reacionária brasileira e, muito menos, do Fantástico. São de jornais bolivianos (aqui e aqui) e um da fronteira com o Acre (aqui).

É importante que se entenda que o socialismo não é culpado por isso. A culpa é pura e simplesmente de políticos que se dizem socialistas e a favor do povo, apenas para manipular os mais pobres e se apresentarem como “messias libertadores” quando, na verdade, querem apenas usurpar e tirar proveito das carências nacionais e de oportunidades que aparecem para enriquecerem.

O povo é visto apenas como um “inocente útil” que servirá aos propósitos de quem puxar os cordões certos. O fato de uma pessoa gritar palavras de ordem e de apregoar aos quatro ventos que as “forças ocultas” conspiram contra “A” ou “B”; é importante não perdemos o foco e analisarmos os fatos.

Deixar que uma ideologia encubra totalmente o nosso poder de discernimento e passar a aceitar como verdades absolutas tudo o que um ou outro lado diz é fanatismo. E o fanatismo leva apenas ao que vemos nesses países da América Latina hoje: violência, atraso e marasmo econômico e social.

A liberdade, a igualdade, a prosperidade e a melhoria das condições de vida de um povo só são possíveis com união e com trabalho. Um exemplo a ser seguido é o nosso. Claramente, o governo de Lula não é perfeito. A concentração de renda ainda é gritante e a pobreza em algumas áreas chega a beira do desumano. Mas, durante esses anos, muita coisa avançou e muita gente melhorou de vida.

É impossível eliminar séculos de desmandos e de privilégios com uma “canetada” e da noite para o dia. Esse processo é de convencimento e as elites devem ser chamadas a colaborar. Pouco a pouco, num processo lento e contínuo, as coisas vão melhorando. E este deve ser o legado dos verdadeiros governos socialistas.

A Bolívia vive hoje um marasmo econômico pior do que quando Evo ganhou as eleições. O enfrentamento estimulado por ele levou o país apenas em direção ao abismo. Que ganho pode ter ocorrido nisso tudo? O radicalismo e o ódio a tudo que é “contrário” as suas idéias levou apenas a dor e ao sofrimento.

Aos que ainda dirão que a visão de um menino sobre seu país é fruto apenas das vontades contrariadas de um riquinho mimado e de que a Bolívia encontra-se hoje melhor do que quando Evo assumiu; tenho apenas uma coisa a dizer:

Mude-se para lá.

E você leitor, o que pensa disso?

Nota do Editor: Meus totais agradecimentos a editoria do REAGENTE pela gentileza de conceder a permissão ao Visão Panorâmica para citar os trechos acima mencionados.

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BOLÍVIA, CRISE E DESILUSÃO.

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