DIRETO DO CLUBE MILITAR – AS BONDADES DO GOVERNO PASSADO E AS CONSEQUÊNCIAS.

ESN: 16675-080201-838850-87

 

Do Clube Militar - Blog Visão Panorâmica

 

Jarbas Passarinho(*)

 

A generosidade do Brasil com nossos vizinhos da “onda vermelha” que tingiu a América Latina, exceto no Chile, Peru e Colômbia, tem servido bem à Bolívia e ao Paraguai, objeto de “bondades”. Não só, porém, por afinidade ideológica, mas seguramente com vista à aspiração por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, verdadeira obsessão do governante passado. O Brasil sempre será uma voz importante na América Latina, sem pretensão hegemônica.

Os Estados Unidos estavam atolados no Vietnã quando o presidente Nixon recebeu a visita do presidente Médici. Disse-lhe publicamente: “Para onde o Brasil for a América Latina se inclinará por ir”. A frase levou os países andinos a nos apelidar de subimperialistas, lacaios dos americanos. Nos oito anos passados, o Brasil cresceu no panorama mundial. Não diria que pelo crescimento econômico que o fez membro do G-20, as 20 maiores economias do mundo, e daí ao Bric. Nesse período, o Brasil ficou abaixo do crescimento da média mundial. Como aconselha o embaixador Rubens Ricupero, “o governo (anterior) exagera ao ressaltar a importância que o Brasil está adquirindo no cenário internacional. Um pouco de sobriedade não faz mal”.

As “bondades”, insisto, foram investimentos na escalada do Brasil para a conquista do ambicionado assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. No fundo significam, paralelamente, uma confissão do apelidado subimperialismo do período militar que teria motivado o acordo com a construção do gasoduto partilhado com a Bolívia e o Tratado de Itaipu, com o Paraguai, no período militar. Ainda que em ambos os casos não tenha deles participado diretamente, acompanhei-os de perto — o tratado, quando ministro da Educação; e o gasoduto, senador que era. Nos dois o Brasil observou a equanimidade e foi generoso. No acordo sobre o gasoduto, aceitamos financiar jazidas de gás como garantia da produção contratada e, principalmente, uma cláusula onerosa. Pagamos o princípio do “leve ou pague”. Pagamos, ainda que não necessitando do volume máximo contratado. A diferença resulta de aumento da produção e gás nos campos brasileiros, mas continuamos pagando pelo todo.

O presidente Evo Morales veio ao Brasil, conversou com o presidente Lula e ainda obteve a “bondade” do aumento do preço do gás contratado. Pagam, por isso, os consumidores de gás de cozinha, aumentado seu preço. Pior ainda foi a expropriação de duas refinarias da Petrobras na Bolívia. Antes eram bolivianas, mas não produziam os derivados necessários ao consumo boliviano. Compradas e pagas pela Petrobras, a empresa brasileira modernizou-as e produziu o suficiente para satisfazer à demanda total da Bolívia. Expropriadas, foram militarmente ocupadas pelo poderoso Exército boliviano, arrogantemente. Recolhemo-nos ao silêncio, passivamente, para ajudar a próxima eleição que Morales ia enfrentar. Colaboração do “imperialismo” brasileiro do período militar, assim reconhecido pelo governante brasileiro como a exploração do mais fraco. Evo é amigo ideológico do nosso ex-presidente, não porém do Brasil que, segundo ele, “comprou o Acre por dois cavalos”. O barão do Rio Branco não merecia a galhofa.

O caso da usina binacional de Itaipu é mais escandaloso. A obra foi estimada em US$ 18 bilhões, inicialmente. A metade cabia ao Paraguai. Falto de crédito, o Brasil avalizou o título. Exigiu a mudança de ciclagem diferente da brasileira, de 50 para 60 ciclos, a fim de atender a indústria paraguaia, serva da indústria argentina quanto ao ciclo. O preço do kw ficou mais alto para nós. Afinal, tudo acertado entre as partes, surgiu um problema. Eu estava despachando com o presidente Médici, quando o ajudante de ordens entrou na sala a pedido do ministro das Relações Exteriores, embaixador Mario Gibson Barbosa. Desculpou-se, mas precisava, em caráter de emergência, consultar o presidente. Disse que o presidente do Paraguai, esperado em visita oficial ao Brasil, viria postular a revisão dos cálculos, considerando as águas do Rio Paraguai, como um todo paraguaio, e não meio a meio com o Brasil.

Era demais. O presidente Médici foi taxativo, em linguagem nada diplomática: “Comunique ao presidente que não venha. Construiremos a usina na Amazônia”. A absurda pretensão não foi apresentada. O Paraguai não consome a quota de energia que lhe cabe desde a inauguração da usina de Itaipu. Pelo tratado, o excedente é vendido ao Brasil. Agora, depois de entrevista com a possível concordância do então presidente Lula, o Paraguai pretende liberdade de negociar a expressiva sobra com quem lhe aprouver e pleiteia o aumento do preço do que nos vende. Uma vez aceito, terá acréscimo de cerca de R$ 1,5 bilhão para mais de R$ 3 bilhões. Nossos honrados deputados da base multipartidária que apoia o governo, ainda sensível ao do passado, já aprovaram o pleito. Dependemos do Senado. A “bondade”, além de sugerir haver sido um tratado imposto pelo “Brasil imperialista”, deverá pesar no bolso dos brasileiros.

Correio Braziliense, 19 de abril de 2011

(*) Jarbas Passarinho – Ex-governador, ex-senador e ex-ministro de Estado, é coronel reformado.

**********


Copyright © 2007
Dieser Feed ist nur für den persönlichen, nicht gewerblichen Gebrauch bestimmt.
Eine Verwendung dieses Feeds auf anderen Webseiten verstößt gegen das Urheberrecht. Wenn Sie diesen Inhalt nicht in Ihrem News-Reader lesen, so macht sich die Seite, die Sie betrachten, der Urheberrechtsverletzung schuldig. (digitalfingerprint: )
Google Buzz

Este artigo foi escrito originalmente para o Blog Visâo Panorâmica. A reprodução só é permitida com autorização expressa do autor. Solicite atravéz daqui:arthurius_maximus@visaopanoramica.com

Assine a newsletter do Visão Panorâmica e concorra a promoções exclusivas – Veja Mais Informações Aqui –

DIRETO DO CLUBE MILITAR – AS BONDADES DO GOVERNO PASSADO E AS CONSEQUÊNCIAS.

Cerca de Arthurius Maximus

Além disso, verifique

Recepcionista – Osasco, SP

Recepcionista Salão de Beleza. Mulheres acima de 24 anos. Local: Osasco-SP Irá trabalhar em um shopping em um salão de beleza de Alto padrão. ter...
De Emprega Sampa - 28 May 2015 06:03:04 GMT - Visualizar todas as empregos: Osasco