HOMOSSEXUALIDADE, ÍNDIA E UMA LIÇÃO DE BOM SENSO.

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GANESH

 

A Índia é uma país de enormes contrastes e pontilhado por religiões e seitas tão divergentes em suas filosofias que, qualquer tentativa de acordo, sempre esbarra em enorme violência e numa grande confusão. Fanatismo, intolerância e ideias ultrapassadas se embatem violentamente contra pensamentos progressistas, quebras de preconceitos milenares e novas descobertas da ciência que jogam por terra verdades religiosas tidas como dogmas inquebrantáveis. Foi assim em todos os grandes momentos históricos e impossibilidade de conseguir-se um pensamento conciliatório levou até a ruptura territorial do país e sua fragmentação com a criação do Paquistão após a independência indiana em meados do século XX. Essa ruptura foi, inclusive, um dos grandes motivos de desgosto para o grande Mahatma Gandhi e acabou levando ao seu assassinato por um grupo de fanáticos hindus. (A morte de Gandhi foi realizada para “o bem da Índia”. Eles afirmavam que o herói da independência indiana precisava morrer porque traiu os hindus ao apoiar a criação do Paquistão. Para Gopal Godse (o único sobrevivente do grupo) os ideais de Gandhi, como pacifismo, tolerância religiosa e honestidade na vida pública, eram parte de uma conspiração que permitiria que os hindus fossem massacrados pelos muçulmanos. Godse queria uma Índia sem muçulmanos e com controle sobre o território do Paquistão. Fonte BBC -  Brasil)

Esse grau de fanatismo, que não consegue reconhecer sequer alguém como Gandhi, impediu durante anos que a Índia se libertasse da miséria e do atraso que lhe prendia ao século XIX. Somente com a visão de homens e mulheres corajosos, que arriscaram a própria vida (alguns chegaram a pagar esse preço) e de suas famílias; aos poucos o bom senso e a prevalência do Estado e a razão sobre a religião e o fanatismo começa e ser imposta.

 

Gays na Índia

 

Assim como há alguns anos com as leis que proibiam a discriminação por casta e outros avanços sociais, a Suprema Corte Indiana acabou de enterrar a lei de 1860 que dava aos homossexuais indianos a tarja de criminosos e os punia com prisão. O argumento para tal foi a simples aplicação da ciência e do bom senso: A AIDS vem avançando na Índia e com a criminalização do homossexualismo, vários portadores do vírus e indianos que adoeciam, escondiam sua doença ou mascaravam dados sobre o seu contágio com medo de serem presos ou de sofrerem retaliações pesadas por parte do Estado e de indivíduos.

Mesmo ainda tendo um efeito local (Nova Deli), essa decisão cria jurisprudência e determina, na prática, uma enorme margem de manobra para a comunidade gay indiana. As forças religiosas (como era de se esperar) ficaram raivosas e ensaiam protestos veementes e manifestações de rua para que Corte Suprema reverta a sua decisão.

Para que haja uma ideia do quanto o homossexualismo é tabu e desperta preconceito na Índia, essa decisão foi uma das poucas coisas que conseguiu unir os fanáticos muçulmanos, cristãos e hindus em prol de uma mesma causa. Ódios de séculos foram esquecidos para que todos lutassem contra “o grande inimigo”.

 

gays, lésbicas e simpatizantes 

 

Pouco importa se milhares morrem de AIDS e de outras doenças ligadas a promiscuidade. O que interessa para essa gente é viver uma mentira e uma enganação num mundo de faz de conta. Assim como em outros países que adotam a religião como fundamento da lei (islâmicos e orientais) que insistem em dizer que por lá “não há impuros” ou em outras sociedades em que o Estado simplesmente criminaliza o homossexualismo e diz que é uma doença ou não existe em seu território. Percebemos que um Estado quando pensa no bem comum e maior de seus cidadãos deve estar acima do pensamento retrógrado de religiosos, seitas e outros grupos sociais que tentam impedir medidas de saúde pública que devem refletir a realidade de um povo e buscar o seu bem maior.

Um tapa na cara de países como o Brasil, em que o homossexualismo não é crime; porém, as pressões religiosas ainda impedem a regularização e o reconhecimento de que homossexuais (e os casais homossexuais) existem e devem ter seus direitos respeitados e bem delimitados legalmente (herança, casamento, separação, adoção, etc…) ou  onde milhares de mulheres morrem todos os anos vítimas de abortos mal feitos e suas consequências; provocando gastos no sistema de saúde (e, portanto, do contribuinte) na casa dos milhões tratando das que sobrevivem a esses abortos. Tudo isso apenas porque as entidades religiosas conseguem, com a força de seu lobby do atraso, evitar o fornecimento de medidas contraceptivas eficientes, educação sexual para jovens e adultos e não permitem o oferecimento de políticas para o controle de natalidade baratas e ao alcance de mulheres de todas as idades e classes sociais.

Mesmo sendo particularmente contrário ao aborto; entendo o procedimento como uma medida de saúde pública que, como tal, deve estar a disposição de quem o procure e o deseja. Os problemas espirituais, por ventura advindos da prática, devem ser de exclusiva responsabilidade de quem optar por ela (é uma decisão de foro íntimo). Eu, como Estado ou como indivíduo, não tenho o direito de proibir que outro indivíduo trate seu corpo como bem entender.

E você leitor, o que pensa disso?

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