Juarez, o torcedor

Juarez tem uma paixão: o futebol e ama a esposa também, um pouco menos do que o amor que sente pelo esporte bretão e seu time do coração. Comprara o pacote com todos os jogos do Brasileirão. Tava orgulhoso do investimento que fizera. Juarez não era desses sujeitos que jogam dinheiro fora. De jeito nenhum. Valoriza cada real que ganha e por isso sabe bem com o que gastar. Ele come pão com ovo com a mesma alegria que come churrasco. Juarez não tem frescura. Assiste aos jogos do seu time, mas também de todos os outros times, afinal, o futebol significa a sua vida. Nem mesmo à missa ele vai nos dias em que as partidas são transmitidas pela tevê. Religiosamente, Juarez aconchega-se no sofá da sua casa. O cantinho direito é o seu lugar predileto, daquela posição torce como ninguém: opina, xinga o juiz de ladrão, corneta o técnico e quando os craques do seu time marcam um golaço, o grito dele ecooa pela vizinhança. Mais do que isso, o cara até delisga a televisão dizendo todo orgulhoso: “Pode parar, meu irmão. Pode parar!” Para acalmar o marido, a mulher do Juarez, um amor de pessoa, vem com uma tigela com pedaços de bolo de cenoura com cobertura de chocolate e lhe serve um copo grande de suco de maracujá repleto até a boca de açúcar, amor e o melhor dos afetos. Juarez agradece a amada gritando: “E dá-lhe porco e dá-lhe porco”. Como disse, o Juarez tem uma paixão.

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