O Psicodrama e seu criador

Jacob Levy Moreno

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“Mais importante que a evolução da criação, é a evolução do criador”.
J. L. Moreno

Jacob Levy Moreno nasceu em maio de 1889, descendente de judeus, fruto de um casamento de conveniência. Um garoto que sempre foi tratado de maneira diferente, que desenvolveu desde criança sentimentos megalomaníacos, Moreno passou grande parte da sua vida em Viena. Era o orgulho da família. Seu pai sugeriu que fosse médico, e assim, o jovem passou a internalizar os desejos do pai. Na adolescência começou a se interessar pelo existencialismo, grande estudioso de Nietzsche, Dostoievski, Kierkegaard, entre outros, alimentando suas essências filosóficas e religiosas.
Na Universidade de Viena, Jacob com uma postura nada ortodoxa, se diferencia dos demais usando uma capa verde, fundando a Religião do Encontro e mais tarde, junto de alguns simpatizantes, a Casa do Encontro, que se ocupava de receber pessoas de qualquer parte e qualquer tipo para ajudá-los em qualquer necessidade, funcionando como uma comunidade com debates existencialistas e religiosos.
Além de estudos e publicações, Moreno tinha outros passatempos que mais tarde se tornariam parte de uma prática profissional. Os trabalhos com crianças, com jogos e encenações no parque, levariam à criação do Teatro das crianças; o trabalho com prostituas, que lhes ofereciam cuidados físicos e emocionais e direitos trabalhistas, tem grande importância na criação da psicoterapia de grupo; e, a assistência que oferecia aos refugiados em campos de guerra mais tarde influenciaria o desenvolvimento da sociometria.
Na época em que Viena passava por um processo de revolução na arte e na psiquiatria, Moreno começa a se envolver com escritores e intelectuais da Áustria, tornando-se co-criador do jornal Daimon, o que influencia o início de suas publicações. Mas, apesar de ter sido a força organizadora do projeto, não se sentia à vontade com trabalhos que exigissem poucas ações e gradualmente se afastou deste projeto. Acabou se transferindo para Bad Vöslau, uma cidade próxima a Viena, e apaixonando-se por aquela que viria a ser sua primeira musa. Marianne exercitou bem o papel de musa do criador, sendo sua assistente e apoiando cada ação, pois ao lado dela Moreno inspirou-se para criar suas importantes obras e aos poucos consolidar sua teoria.
Suas publicações As palavras do pai e O Teatro da Espontaneidade são obras clássicas e descrevem técnicas consideráveis. Cria o axiodrama ou o “teatro de conflito” que enfrenta as conservas culturais e afirma “nós todos somos deuses, criadores e co-criadores do universo” propondo uma tarefa revolucionária de integrar religião e ciência. O “teatro recíproco” ou terapêutico acaba sendo uma mistura de psicoterapia, crenças religiosas e sentido comunitário, quase que retomando a Religião do Encontro. O “teatro espontâneo” analisa o aqui e agora, a vida sendo representada por quem é vivida, surgindo também o sociodrama, que tem como objetivo explorar problemas emergentes do grupo voltados a valores e preconceitos.
Como empreendedor Moreno ajudou a criar novas perspectivas de teatro enquanto espaço físico, com um projeto arquitetônico de um novo palco, e a inventar um gravador de músicas e vozes. Esta última lhe rendeu um convite de emigração aos Estados Unidos da América.
Sem muito sucesso com o gravador Jacob tenta se restabelecer na América. Endividado, separado de Marianne, sem possibilidades de trabalho e perspectiva de recomeço, os primeiros 5 anos de Moreno nos EUA foram difíceis. Mas com habilidade de adaptação e bons contatos voltou a atuar na medicina, abriu um consultório em Nova York e dava conferências sobre seus trabalhos de espontaneidade.
As mulheres na vida de Moreno parecem ter uma relação significativa com o desenvolvimento de suas obras. Assim que chegou aos EUA, Moreno teve que casar para conseguir um visto permanente, mas se divorciou amigavelmente depois do objetivo alcançado. Mais tarde conheceu Florence Bridge com quem ficou casado por 10 anos e teve uma filha, Regina Moreno. No entanto, seu casamento não lhe fazia feliz, porque Florence apesar de ter sido muito dedicada ao marido, admirando-o e bajulando-o, não lhe proporcionava a parceria que precisava.
Celine Zerka Toeman entrou em sua vida demonstrando grande identificação com seu trabalho. Zerka Toeman tornou-se sua ego-auxiliar e mais a frente tornou-se Zerka Moreno, esposa e musa, existindo como fruto desta união Jonathan Moreno. Nenhuma outra mulher havia entrado tão profundamente na vida de Moreno. Ambos foram parceiros no amor e no trabalho chegando a ter publicações em conjunto. Na verdade, Zerka foi muito mais que musa inspiradora da criação, ela chegou a ser co-criadora, uma extensão dos pensamentos de Moreno, seu alterego em forma feminina.
Dentre suas publicações, também devem ser considerados importantes os trabalhos que originaram o livro Quem Sobreviverá?, considerado um monumento à sociometria.
Com o objetivo de atingir o desejo de difundir a espontaneidade e criatividade, Moreno elaborou as técnicas do Teatro do Improviso e o Psicodrama. O primeiro começou em Nova York, concentrado no aprendizado da espontaneidade, utilizando técnicas do jornal vivo e dramatização de conflitos apresentados por membros da platéia, sem necessariamente haver um trabalho terapêutico. O psicodrama enquanto método terapêutico se consolidou em Beacon, cidadezinha próxima à Nova York, onde Moreno construiu seu próprio hospital psiquiátrico, com o primeiro palco para teatro de psicodrama, dedicado a explorar medidas terapêuticas entre os pacientes. Os pacientes eram estimulados a dramatizar sua vida. Já estava usando os princípios de uma sessão psicodramática, havia o aquecimento, a dramatização e o compartilhamento, existindo também o protagonista, egos-auxiliares, diretor e platéia como elementos essenciais da sessão, já utilizando as técnicas de inversão de papéis, duplo e espelho. Mais tarde, a casa de Beacon tornaria um centro de formação das idéias de Moreno.
Escreveu os três volumes de sua obra mais significativa Psychodrama, publicados no Brasil sob os títulos Psicodrama; Fundamentos do Psicodrama; e Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Dedicando-se também em criar os programas de formação de Psicodrama e Psicoterapia de Grupo. Com a popularização dos métodos psicodramáticos, Moreno viajava bastante fazendo conferências e conquistando sociólogos, psicólogos pessoas comuns e arduamente também os psiquiatras.
Durante sua trajetória de vida tinha promovido vários embates entre psicanalistas e profissionais que não aceitavam a sua abordagem, mas a idade lhe tornou mais afável. Tendo recebido várias homenagens e condecorações em seu reconhecimento, inclusive de associações psiquiátricas dentro e fora dos EUA. Enfim, Moreno tinha atingido seu legado.
Sua autobiografia acabou sendo seu último projeto intelectual. Após sofrer vários derrames Moreno decidiu por fim a sua vida, aquecendo-se para o momento de sua morte, levando apenas três semanas para despedir-se de sua família biológica e psicodramática. Fazendo cumprir a profecia da cigana de sua infância que um dia disse a sua mãe: “Chegará o dia em que ele será um grande homem. Pessoas de todo o mundo virão vê-lo”.

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