Que sufoco!

Mãe passando café cantava feliz: Quando eu morrer me enterre na Lapinha. Eu, por ser muito pequeno, entendia na latinha em vez de Lapinha. Como é que pode alguém ser enterrado numa latinha? Só sendo minhoca, formiga, pulga, barata, besouro. Agora, alguém enterrado numa latinha com calça, culote, palitó e almofadinha, eu nada entendia. Que triste fim ser enterrado numa latinha. Quantas dúvidas, meu Deus! Por que será que mãe cantava feliz, se alguém ia morrer e seria enterrado numa latinha? De sardinha, que aperto! De extrato de tomate, que amasso! De ervilha, que sufoco! Definitivamente, não era pra mãe cantar aquela ladainha. Mãe devia estar triste, mas cantava alegre. Vai entender! Acho que mãe sabia que a música é o homem e o homem é a música e uma vida sem música deve ser a coisa mais chata do mundo, por isso cantava na esperança – de que um dia – nem uma pessoa sequer fosse enterrada numa latinha dessas qualquer.

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