Pará – Projeto fará criadouros de peixes em buracos deixados por ceramistas

Um projeto piloto de piscicultura do escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em São Miguel do Guamá, nordeste do estado, vem se apresentando como uma alternativa para o aproveitamento econômico, social e ambiental de buracos provocados pela exploração intensa de argila na região.
Os buracos, criados a partir da escavação até o ponto dos lençóis freáticos, acabam virando lagos, também por causa das chuvas. A destinação de uso desses espaços é uma recomendação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (Sema).

O problema é crônico no município, onde se localizam cerca de 30 grandes olarias, produtoras de tijolos e telhas.

O primeiro plano de manejo se dará na Comunidade de Acará, que se constitui de 21 famílias, com a maioria delas se sustentando por empregos na Cerâmica local. Ali, o lago principal (de aproximadamente um hectare e meio e quatro metros de profundidade) se encontra ocioso e irregularmente escavado, com desníveis no solo.

A proposta é implantar 30 tanques-redes, com 500 tambaquis cada – grupo que, por safra (de oito em oito meses), renderá cerca de 300 kg de peixe. Além disso, espera-se estimular, principalmente nas mulheres, o ofício de artesanato com argila. “É uma via de capacitação feminina e de inclusão social. Fora isso, há os bônus da reciclagem ambiental e do lucro comercial”, classifica o sociólogo da Emater Alcir Borges.

Todo o processo da piscicultura será patrocinado por uma empresa de exploração de argila na região, sob a lógica da parceria público-privada.

“Sociedade, empresariado e governo têm que se dar as mãos. A comunidade em torno da minha olaria é muito carente. Eu acho que essa é uma grande oportunidade de ajudar a comunidade e de facilitar o trabalho governamental. As pessoas poderão cultivar peixes na propriedade, sem qualquer custo. Será um complemento de renda. E a iniciativa ainda reduzirá o impacto ambiental das nossas atividades. Espero que nossa história inspire outros ceramistas de São Miguel”, diz.

A Emater se responsabilizará pela capacitação dos recém-aquicultores e pelo acompanhamento técnico do cultivo. “Essa não é uma ação de recuperação ambiental, mas de diminuição dos prejuízos à natureza inerentes àquela atividade comercial, que é contínua. Não é possível aterrar os buracos, porque eles serão novamente criados. A idéia é dar utilidade a esses lagos, beneficiando as comunidades tradicionais vizinhas”, explica Emílio Paixão, técnico em aqüicultura e pesca da Emater.

A primeira visita técnica para a implantação do Projeto aconteceu no dia 7 de janeiro. Nela, técnicos da Emater realizaram um pré-diagnóstico sobre número de famílias interessadas, impacto ambiental e viabilidades sociais, além de coletarem amostras da água dos lagos, para medição imediata de índices de oxigênio e ph, de modo a avaliar se existem condições ideais para a sobrevivência dos alevinos. “Os números estão bons. Quando não, fazemos a correção com calcário e adubo orgânico”, explica Emílio Paixão.

Planeja-se que, até março, as gaiolas com os peixes estejam instaladas e a produção já se desenvolvendo.

Portal do Governo do Estado do Pará

Cerca de Vinícius

Além disso, verifique

Projeto que define boas práticas na produção de tilápia no Brasil

Até 23 de março, dê suas sugestões ao projeto que define boas práticas na produção de tilápia no Brasil. Proposta elaborada pelo Sebrae, entidades parceiras e setor produtivo define requisitos que garantem a qualidade do peixe mais cultivado no Brasil Os produtores de todo o País podem conhecer e contribuir com o projeto que define ...