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Para quem não está familiarizado com o termo ou com a história; Kristallnacht (ou noite dos cristais), foi como ficou conhecida uma série de ataques a propriedades de judeus na Alemanha em 1938 (9/11/1938).
Esses ataques foram ordenados por Hitler. Mas, para que isso não ficasse evidente e não prejudicasse os planos do ditador ou “manchassem” a sua imagem junto à opinião pública nacional e internacional, Hitler orientou a Goebbels que ordenasse aos seus partidários do NSDAP (o Partido Nacional Socialista) e agentes dos SA (Grupo Tormenta – unidade paramilitar nazista) que não trajassem qualquer símbolo ou identificação que os vinculasse ao partido ou a Hitler.
Os ataques deveriam parecer ações espontâneas e totalmente desvinculadas do governo. Como ele havia previsto, a repercussão foi péssima junto à opinião pública alemã e internacional e Hitler fez pronunciamentos condenando os atentados. Mas, na prática, os próprios judeus acabaram pagando multas pesadíssimas ou perderam suas propriedades por terem “protagonizado a balbúrdia e a agitação social”. O termo Kristallnacht se originou devido ao grande volume de vitrines de lojas, janelas e vitrais de sinagogas destruídos.
Pois é. Notou alguma semelhança com o caso do ataque a Globovisión? (Saiba mais aqui)
Chávez vem controlando com mão de ferro toda e qualquer meio de informação na Venezuela. Fechou trinta e quatro emissoras de rádio, canais de televisão e agora investe contra o “último bastião” da oposição a seu governo. Como não consegue fantasiar o fechamento da emissora através de artifícios legais (tentou até crime ambiental); a tática da clara intimidação e o terror são usados como recurso extremo. Logicamente, assim como Hitler, Chávez sabia que a repercussão seria péssima e o vincularia imediatamente a figura de um ditador (se há alguém ainda possa dizer não seja). O uso de um “bode expiatório” a líder do seu partido mostra que a inteligência não é mesmo o forte das ditaduras na América Latina. Afinal de contas, quem pode dizer que um ataque extremamente bem planejado, executado com precisão militar e com o uso de bombas de gás lacrimogêneo não foi muito bem planejado e executado por pessoas experientes no que fazem (ou seja: agentes do governo).
A farsa foi tão clara que, além das entidades de praxe que defendem a liberdade de expressão e de imprensa e que já vinham “no pé” de Chávez faz tempo; seus aliados antigos também condenaram o ato e até Lugo se manifestou preocupado com os rumos que a Venezuela estava tomando.
Um dos poucos que amenizaram a situação, como não poderia deixar de ser, foi o governo brasileiro. Nada de estranho. Afinal de contas, nosso governo já apoiou um intolerante que muçulmano que queima livros para secretário da UNESCO (veja aqui); um ditador genocida africano e inúmeros outros políticos que matam, torturam e cometem atrocidades mundo a fora. Fomos inclusive condenados vergonhosamente pela Human Rights Watch este ano, justamente por essas posições estúpidas, inexplicáveis e que vão totalmente contra as tradições de nossa nação. Mas, segundo alguns simpatizantes do Itamaraty: “temos a melhor diplomacia do mundo”. (Veja aqui)
É claro que o Brasil apóia Chávez. Aqui fazemos o mesmo. Não claramente e nem tão violentamente. Mas, enquanto a população espera ansiosamente pela Copa do Mundo, pelo próximo BBB ou pelo reality show da vez; sentenças favoráveis a implantação da censura (prévia ou não), estão sendo proferidas por todo o Brasil. Curiosamente, essas sentenças sempre beneficiam políticos que são criticados por suas ações criminosas ou que sofrem denúncias de qualquer natureza.
Até pouco tempo esse fato estava quase exclusivamente limitado aos blogs e aos pequenos meios de comunicação. O fato desses meios não disporem de amplos recursos financeiros para se defenderem desses ataques “legais”, resultava muitas vezes em acordos prejudiciais a verdade e a liberdade de expressão ou simplesmente a decretação da morte do veículo.
Agora a coisa muda de figura e um desembargador ligado a família Sarney e ao ex-diretor do senado Agaciel Maia (o desembargador é ex-funcionário e amigo de ambas as famílias) profere uma sentença contra um grande veículo de informação que vai de encontro diretamente a Constituição e a todas as normas do direito (uma vez que, tendo relações com o proponente da ação, jamais poderia julgá-la). Isso sequer é estranho. Afinal de contas, nada que a corrupção, o tráfico de influência ou uma bela amizade pura e simples não torne possível (e é justamente aí que entra o código de ética profissional). O mais incrível é que o CNJ – Conselho Nacional de Justiça – que deveria atuar como um fiscal do Judiciário sequer se manifestou sobre o caso.
Essa prática, de usar o Judiciário como censor, vem sendo adotada por vários outros países que seguem as “práticas bolivarianas” de governar. E, estranhamente, sempre descobrem incitadores, terroristas ou criminosos entre os que levantam suas vozes contra as arbitrariedades que são cometidas pelos governos ou políticos locais.
Então; estamos ou não estamos vivendo uma Kristallnacht na América Latina?
Pense nisso.
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