RIO DE JANEIRO, A BARBÁRIE, OS ANIMAIS E ALGO QUE DEIXOU DE SER HUMANO.

ESN: 16675-080201-838850-87

 

Desumanidade

 

A polícia carioca é vítima dos baixos salários, da falta de equipamentos, do desestímulo crônico, do stress provocado pelo combate insano contra uma violência que nunca arrefece e, principalmente, da sanha populista dos políticos.

Enquanto o governador do Rio gastou fortunas em viagens ao exterior para andar de bicicleta em Paris; chega até nós a estarrecedora informação de que os dois PM’s mortos, na queda do helicóptero abatido no sábado passado, só tiveram esse destino trágico porque não usavam trajes apropriados (trajes de voo – antichama) e sim roupas de tecido sintético (uniforme normal) que se incendeiam facilmente. Algo que pode ser citado como a síntese do descaso e do desprezo pela vida humana e pelos homens que arriscam a vida para proteger a nós e a nossas famílias.

A defesa do policial honesto, que enfrenta o horror da morte e a humilhação do desamparo, deve ser uma constante na vida de cada cidadão de bem que caminhe por essa cidade e que entenda a importância de uma instituição como a polícia (e os homens que a compõem). Da mesma forma, denunciar os desvios de conduta deve ser também uma constante do cidadão e do policial de bem; já que este último é traído pelo policial corrupto duas vezes. Omitir-se é o mesmo que compactuar com os traidores.

Mesmo deixando de apontar os desvios e os problemas que esse abandono e essa humilhação provocam; uma regra básica da vida em sociedade deve ser perseguida e mantida, a todo custo, para que não mergulhemos na mais completa barbárie: a solidariedade.

Mesmo entre inimigos em guerra, a solidariedade se manifesta nos momentos mais estranhos. São os exércitos nas trincheiras que interrompem uma das batalhas mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial para comemorarem o Natal juntos, em um armistício não oficial que durou dias e provocou constrangimentos nos altos comandos das duas forças antagônicas. É o empresário alemão que perde tudo o que construiu e corre o risco de ser morto durante anos (morrendo anos depois na mais perfeita miséria), apenas para salvar a vida de desconhecidos que lhe eram oferecidos como escravos. O gesto isolado do médico francês que socorre a criança vietnamita que acabara de disparar contra o seu pelotão e é ferida no confronto. É o soldado americano que ampara a jovem vietnamita queimada horrivelmente após o bombardeio com napalm em sua aldeia. É o soldado brasileiro que ampara a criança haitiana que desmaia de fome, mesmo tendo o risco de ser alvejado. É o policial que para a sua viatura para socorrer uma grávida, ao pé do morro, mesmo sabendo que pode estar caindo numa armadilha. E inúmeros outros exemplos ao longo da história humana podem ser citados para provar isso.

 

Violência no Rio

 

Em cada batalha, em cada guerra, em cada catástrofe natural (ou provocada pelo homem), em cada epidemia e até nos desastres diários que vemos nas ruas e no trânsito caótico das grandes metrópoles mundiais; podemos experimentar o sopro da humanidade ao ver outros seres humanos ajudando ou salvando completos desconhecidos. Eles chegam e se vão, como se anjos fossem. Um gesto, um ato, uma doação ou mesmo um sorriso; podem salvar as vidas e as almas de pessoas aflitas em momentos de completo desamparo.

Por isso mesmo, as imagens estarrecedoras e hediondas que presenciamos ontem (21/10/2009), em cadeia nacional, ao ver dois policiais militares (um deles capitão e, portanto, melhor pago, melhor preparado e mais instruído) deixando de prestar socorro a uma vítima de assalto baleada na calçada, apenas para se apoderarem de um par de tênis e uma jaqueta chocaram tanto. Enquanto os policiais divertiam-se extorquindo dois assaltantes de rua e roubando os pertences do baleado; o rapaz ferido agonizava, em seus últimos momentos de vida, a poucos metros de quem podia ter-lhe salvo a vida ou, pelo menos, ter-lhe confortado (segurando a sua mão ou dizendo uma prece ou outra coisa qualquer) enquanto morria.

A praga da corrupção, o desvio de conduta de terem “roubado o ladrão” e de optarem por sujarem-se, pelo preço de uma jaqueta e um par de tênis, não é nada. Esse é o menor dos problemas. O que estarrece, o que choca e o que revela que esses seres já deixaram de ser humanos e apenas vagam pelas ruas, como bestas-feras primitivas e sedentas por saciar as suas próprias vontades, é o fato de nem sequer preocuparem-se com a vítima caída e, possivelmente suplicante aos seus pés.

O roubo, que ficou claro já que a jaqueta e o tênis “desapareceram” na ocorrência feita pela dupla (apenas um “encontro de cadáver”), torna-se ínfimo e risível diante da grotesca e perversa desumanidade bestial de negociar os pertences do ferido enquanto este ainda agonizava aos seus pés.

E ainda devem se achar guerreiros…

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