RIO DE JANEIRO, TRAFICANTES, POPULISMO E SANGUE.

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Iraque Rio de Janeiro

O sonho do Rio Olímpico acabou quando a população acordou no inferno real de uma cidade dominada pelo populismo e pelo tráfico. Policias mal pagos, mal equipados e com aeronaves que jamais deveriam atravessar uma zona de combate tentam fazer milagres e agir como agência reguladora do tráfico nos morros cariocas.

A pergunta é simples: como se ordena o sobrevoo em áreas repletas de artilharia capaz de derrubar aeronaves e numa zona de fogo cerrado a uma aeronave incapaz de fazer frente a esses problemas? A resposta também é simples: incompetência e descaso com a vida humana.

Assolado por ONG’s e entidades internacionais que enxergam criminosos sádicos e repletos de fúria como meros injustiçados carentes e abandonados pela sociedade (como se o simples fato de ser pobre desse uma credencial de bandido e o direito de cometer atrocidades para cada um); apoiados por uma sociedade apática, alienada e que se contenta em esconder-se no corredor de seus apartamentos quando está sob fogo e volta a sua vidinha normal quando o tiroteio acaba; os políticos cariocas continuam vomitando asneiras e fazendo muito pouco pela segurança pública em nosso estado e em nossa cidade.

Uma polícia anacrônica e infestada pela corrupção maciça e sistêmica. Uma polícia onde o policial vê sua função como um bico e seu trabalho “extra muros” como o trabalho real (devido a esdrúxula escala de trabalho, que faz o “policial ser policial” somente duas ou três vezes na semana e segurança do bicheiro ou da padaria nos outros quatro ou cinco dias restantes). Uma polícia carente de formação real e de pessoas mais qualificadas intelectualmente; formada por policias que ganham salários irrisórios e correm os mesmos riscos de combatentes em áreas de guerra, não pode ter sucesso ou ser cobrada por ser ineficiente e corrupta.

O grande problema da segurança pública no Brasil e no Rio de Janeiro se chama “ônus político”. Enquanto morrem milhares de inocentes, bandidos e policiais todos os anos (em taxas superiores as das guerras do Iraque e do Afeganistão), políticos oportunistas e populistas se sucedem com promessas mirabolantes e o mesmo discurso de sempre.

Vez por outra são citadas as “vítimas inocentes que não podem ser esquecidas”; os moradores do morro são acalentados como “uma grande maioria honesta e trabalhadora” ou a polícia é sempre citada como composta “em sua grande maioria de bons profissionais”. Enquanto isso, as vítimas inocentes continuam sendo vitimadas, a grande maioria trabalhadora e honesta, do morro, continua refém e alvo dos traficantes e a grande maioria de bons profissionais da polícia continua sendo traída pela minoria corrupta que a vende por qualquer dez reais.

Sérgio Cabral e as Milícias

E o que fazem nossas autoridades e políticos? Ordenam uma devassa nas propriedades, contas correntes, contatos telefônicos e patrimônio dos policiais e comandantes de batalhões ou delegados? Ordenam um mapeamento das casas usadas pelos traficantes e coordenam um ataque e uma retomada, morro a morro, juntamente com as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança para destruir e tomar esses redutos? Patrulham as ruas e as saídas dos morros para evitar os “bondes” e as falsas blitzem que tanto vitimam pessoas inocentes?

Não.

Afinal, isso seria visto por entidades internacionais como uma “afronta” e acarretaria um “ônus político” enorme para aquele que se atrevesse a promover uma limpeza na cidade.

Seria muito simples acabar com a bandidagem nos morros. A vantagem que eles possuem, por estarem em terreno elevado e entrincheirados, pode com certa facilidade ser revertida contra eles próprios. Bastaria um cerco em todo o perímetro da comunidade, incluindo as matas, com unidades militares e da Força Nacional de Segurança (que jamais entrariam nas favelas) e, apoiados por uma unidade móvel do Ministério Público e da presença de um juiz que emitiria um mandado de busca geral; possibilitando uma busca porta-a-porta. A PM, apoiada pelo BOPE e pela CORE, com atiradores de elite e com helicópteros blindados (hoje há apenas um); prosseguiriam a uma revista casa a casa por toda a favela com a ocupação de pontos estratégicos visando impedir o refluxo de bandidos para as áreas revistadas. Acuados e impedidos de fugir, os bandidos teriam duas opções: lutar ou renderem-se.

Tudo dentro da lei, como manda a constituição e com total integridade aos direitos humanos. Após a “limpeza”, a favela seria ocupada com uma unidade pacificadora (nos moldes do Dona Marta) e com serviços do estado e apoio do pessoal médico e do corpo de engenheiros das forças armadas. Algo assim já foi feito no próprio Dona Marta (sem a presença dos militares e da Força Nacional) devido ao tamanho exíguo da comunidade. Mesmo assim, possibilitou-se a fuga de criminosos para outros morros da Zona Norte e Zona Sul, porque não foi possível cercar completamente a comunidade.

Mas, quem pagaria tal “ônus político”? Quem colocaria a “cara para bater” pelas ONG’s e por entidades que vivem as custas da bandidagem, travestindo-se de legais com claros olhos na “grana preta” que captam para ajudas que jamais prestam?

A corrupção policial pode ser debelada com certa facilidade aqui no RJ. Basta uma rápida visão dos estacionamentos de alguns batalhões e delegacias ou de um levantamento do estilo de vida de alguns policiais. Mas, digamos que a tal “grande maioria honesta” tenha sucumbido às péssimas condições de vida e ao salário miserável? Quem assumiria o “ônus político” de deixar uma cidade quase sem policiais devido às expulsões em massa?

Medidas simples como cortar verbas de publicidade e de aumentos para secretários, deputados e apadrinhados; aumentar o salário dos policiais para um valor digno e que permita a sua sobrevivência fora das comunidades carentes; mudar a escala de serviço dos atuais 24/72 horas (que faz o trabalho na polícia ser o bico) para um expediente diário de oito horas com uma ou duas folgas semanais com proibição do bico (só essa medida dobraria o número de policiais nas ruas sem a necessidade de contratar uma única alma); apertar o cerco aos corruptos e usar as técnicas que foram aplicadas, com tremendo êxito, nas favelas do Haiti por nossos militares (a revista casa a casa e o cerco geral) resolveriam grande parte dos gravíssimos problemas de nossa segurança pública. Mas, certamente, haveria o tal “ônus político”.

E quem estaria disposto a pagá-lo?

Pense nisso.

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