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Plano de defesa estratégico Brasileiro

 

“A verdadeira guerra é a do tempo de paz; ela prepara a outra”. (Moltke)

Não há país desenvolvido que deixe para segundo plano seus problemas de defesa. Isso já foi dito por um sem número de articulistas políticos, nos quatro cantos do mundo, mas sempre é oportuno repetir. Os motivos que levam um povo a cuidar de sua defesa são óbvios e dizem respeito à necessidade de impor suas prioridades nos contenciosos políticos que, embora não sejam desejáveis, acontecem com frequência nos embates entre vontades nacionais. Logicamente, quanto mais importância tiver um país no cenário internacional, maior será a possibilidade de ser protagonista de um choque de interesses. E maior será, em consequência, sua necessidade de possuir forças armadas fortes e que tenham efetivo poder de persuasão.

O Brasil é um país fora do comum. Aspira a ser uma potência média, mas recusasse a encarar o assunto defesa com seriedade. Há raízes históricas que podem explicar essa atitude. A reconhecida postura pacifista de D. Pedro II – uma das causas do despreparo militar brasileiro, quando o país foi agredido pelo Paraguai – com certeza é uma delas. Recentemente, convivemos com atitudes revanchistas de autoridades de hoje que, há poucos anos, foram combatidas e derrotadas pelas Forças Armadas, quando militavam em organizações terroristas. Preferem se aferrar em ódios pequenos a pensar grande. Pensar nas reais necessidades do país que, como servidores públicos, têm a obrigação de servir.

De qualquer forma, o Brasil começa a acordar para tão crucial problema e articulistas importantes passaram a tratar do tema na grande mídia. Merece uma referência, nesse ponto, a atuação do Ministro da Defesa. Sem dúvida, foi, apoiando-se em sua ação política, que o assunto ganhou as páginas dos jornais e os noticiários da mídia eletrônica. Pôde, então, a sociedade brasileira começar a perceber que o assunto defesa tem de ser discutido, também, fora do círculo restrito das escolas militares. Nos países do chamado primeiro mundo, o tema é debatido nos círculos acadêmicos, nos meios de comunicação de massa, em associações civis, na sociedade como um todo, enfim. Parece que começamos a acordar para a advertência de Maquiavel: “Um príncipe, de fato, deve recear dois perigos: um interno, por conta dos súditos, e o outro, externo, por conta das potências estrangeiras. Destas últimas se defende com bons exércitos e bons amigos, e se tiver bons exércitos sempre terá bons amigos”. Na realidade, a ação diplomática está intimamente ligada aos assuntos de defesa. Isso, no Brasil, ao tempo de Rio Branco, foi reconhecido. Hoje, nossa política externa, através das duas autoridades que a conduzem, teima em transitar em caminho independente, preferindo tratar um problema de estado pelo enfoque partidário-ideológico.

É verdade que embaixadores de renome, como Rubens Barbosa, têm se manifestado, mostrando esse descompasso. São dele as palavras: “A política externa brasileira, ao contrário da maioria dos países de médio e grande porte, com interesses além-fronteiras, ainda não incorporou a dimensão da defesa nacional ao seu pensamento estratégico e muito menos à retórica oficial”.

Lamentavelmente, no mundo em que vivemos a força ainda é essencial. O Gen Leonidas Pires Gonçalves, no tempo em que eu com ele trabalhava, dizia algo assim: “ninguém se alia aos fracos”. É uma cristalina realidade. Embora existam pessoas sonhadoras que pensam ser possível defender interesses nacionais apenas com conversas, essa não é a dura realidade da política internacional. Rui Barbosa, certa vez, disse: “Uma Nação que confia em seus direitos em vez de confiar em seus soldados engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda”.

Ser forte é, pois, necessidade óbvia para um país que aspira a um futuro de grandeza. Um país que pretenda ser respeitado na comunidade internacional. Um país que não queira ver suas pretensões políticas e até comerciais serem ultrapassadas pelos interesses alheios. São inúmeros os exemplos de tratamento diferenciado que recebem, das grandes potências, os países que dispõem de força compatível com sua importância.

No contencioso entre Equador e Peru, ocorrido em nosso continente, os Estados Unidos demonstraram relativa preocupação. Integraram, inclusive, o time dos “Países Garantes”. Mas quando houve uma ameaça de ruptura entre Índia e Paquistão, duas potências nucleares, foi o próprio secretário de estado que embarcou para a região. Possuir força proporcional à importância político-estratégica de que já dispomos, é, pois, necessidade óbvia. É hora de não deixarmos esquecidas as conquistas que, duramente, obtivemos, fazendo com que a sociedade brasileira começasse a pensar em defesa. É hora de se consolidar e ampliar esse entendimento, mostrando o quão profundamente a defesa de seu país interessa a todos os brasileiros.

 

Gen Ex GILBERTO BARBOSA DE FIGUEIREDO

Presidente do Clube Militar

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Nota do Editor: As palavras do general e as recentes bravatas de Hugo Chávez me fizeram lembrar de um velho ditado romano que dizia: “Si vis pacem, para bellum”.

Ou seja: “Se queres a paz; prepara a guerra”. Essa expressão, escrita em 390 D.C. por Publius Flavius em seu livro “Epitoma rei Militaris”; mostra algo que está muito mais além do que os olhos despreparados dos apressados podem mostrar. Mais do que um incentivo a guerra, essa expressão é uma verdade avassaladora. Basta compreendermos que um país poderoso e bem preparado dificilmente será atacado numa conjuntura “normal” de eventos. Pois, como bem ressaltou o general, terá aliados fortes, forças de defesa respeitáveis e estará apto a vender uma eventual derrota por um preço alto demais.

Curiosamente, ao longo da história humana, isso tem sido o suficiente para impedir inúmeras guerras e mostrou-se o conceito mais eficiente para a manutenção da paz. Uma nação fraca, despreparada e rica é um mero convite àqueles que dela desejam se aproveitar ou se apossar.

Nesse sentido, estamos em maus lençóis. Temos apenas algumas aeronaves ultrapassadas para defender nosso espaço aéreo; navios obsoletos e incapazes de operar continuamente e um exército que manda os soldados para casa no meio do expediente porque não dispõe de verbas para alimentar a tropa. Imagine como andarão a manutenção e a operacionalização dos materiais bélicos que são muito mais custosas do que um prato de arroz com feijão.

Esse é o Brasil que estamos construindo?

Pense nisso.

A. Maximus

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