COMPLEXO DO ALEMÃO, VILA CRUZEIRO E O FUTURO DO RIO.

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ESN: 16675-080201-838850-87

 

As manchetes são ufanistas, irreais e – me atreveria a dizer – maldosas. Na busca de impactar a população e criar mais interesse por detalhes repetitivos e cobertura pouco voltada para a realidade dos fatos, a imprensa entra na sanha dos políticos – notadamente Eduardo Paes que vai publicar decreto “refundando” a cidade – vendendo para a população a ideia de que a simples conquista das favelas da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão representam a derrocada final do crime e, principalmente, do tráfico violento na cidade.

Nada poderia estar mais longe da verdade e é uma ilusão perigosa que está sendo vendida ao povo como forma de catapultar carreiras políticas, bolsos de empresários e alguns outros interesses.

Numa população sem memória e que pouco liga para a realidade, a imagem da tomada das fortalezas do tráfico – uma ação verdadeiramente espetacular – passa a representar a derrocada final dos criminosos mais perversos que a cidade já viu. No entanto, uns poucos que ainda lembram nem precisam se esforçar muito – indo lá em 1988 ou 1989 para lembrar da Operação Mosaico que invadiu as fortalezas do tráfico e destruiu casamatas, desalojou bandidos, matou líderes cruéis e prendeu centenas de criminosos que atazanavam a cidade na época. Nem tão pouco e fará necessário buscar na memória os dias da Eco 92, quando as favelas foram sitiadas por tropas federais e a cidade viveu tempos de índices criminais escandinavos.

 

 

É só pedir para aqueles que ainda lembram, puxarem pela memória para um tempo muito mais próximo. Ainda sob a égide do próprio Governo Sérgio Cabral (2008). Na época, diante de avanços criminosos bem parecidos com os acontecidos na semana passada. Pois é, há menos de dois anos a bandeira negra com a caveira branca transpassada pela faca tremulava brava e ameaçadoramente sobre a cabeça dos malfeitores que viviam e se escondiam na Vila Cruzeiro.

Isso mesmo. Tudo o que foi visto nesse final de semana já aconteceu. Pode ter sino em menor ou maior intensidade; com menos oi mais homens e máquinas. Mas, exatamente tudo, já aconteceu.

Por isso mesmo, devemos olhar a invasão apenas como um começo; o início de um trabalho que demorará anos para ser coroado de êxito e que deve contemplar, também com uma limpeza, a própria polícia.

É fundamental que o cidadão participe, que autoridades se unam e que todos os elementos do bem suplantem a irmandade do mal que se apossa das almas e dos corpos de quem reside sob seu julgo. Mas, é preciso que o cidadão não se esqueça de que a vitória final está longe de ser atingida.

Em todo combate, o primeiro objetivo é sempre conquistar a posição do inimigo. Contudo, todo combatente sabe que muito mais difícil mantê-la do que conquistá-la. E, no Rio de Janeiro, além de manter o terreno conquistado; a sociedade te que avançar sobre as causas de suas próprias mazelas que levaram a queda inicial daquele terreno sob o domínio do mal.

E aí… bem… aí é outra história.

Pense nisso.

 

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